O Casulo: diferenças entre revisões

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O «'''Casulo'''» do [[pintura|pintor]] [[José Malhoa]], em [[Figueiró dos Vinhos]], está classificado como [[Imóvel de Interesse Municipal]] segundo o [[IPPAR]].
 
Situado na Avenida José Malhoa, o «Casulo» foi a residência que [[José Malhoa|José Vital Branco Malhoa]] (1855-19331855–1933) mandou construir uma dezena de anos após a sua fixação em Figueiró.
 
==Arquitectura==
O edifício é composto por dois corpos articulados em T. O corpo mais baixo, originalmente de um único piso (apresenta hoje mais uma cave, aberta durante uma das recentes reabilitações), orientado a Nascente, corresponde à pequena casa térrea que Malhoa mandou construir após ali comprar o terreno. A escritura pública de tal compra tem data de 25 de Setembro de 1893.<ref>A.D.Leiria, V55-A54, ''Livro de Notas do Tabelião António d'Andrade Albuquerque'', nº6. fls. 10vs. a 12.</ref> - «''Malhoa comprou lá um terreno, onde construiu uma pequeníssima casa, rectangular, apenas com uma divisão, onde fez uma minúscula cozinha, dividindo a outra sala com dois biombos e aproveitando a parte central para casa de jantar, e os outros espaços para quarto dele e de sua irmã. O atelier era uma barraca de colmo, onde o antigo dono do terreno guardava as ferramentas de lavoura. Assim, de tão pequenino que aquilo era, o baptizou com o nome de "Casulo".''» <ref>{{citar periódico|ultimo=Pinto|primeiro=Luiz d'Almeida|data=|titulo=carta|jornal=ARTE, Revista da Sociedade Nacional de Belas Artes, Ano I, nº1, Abril 1955. p.12|doi=|url=|acessadoem=}}</ref>
 
Mais tarde, em 1898, sob traçado do arquitecto Luiz Ernesto Reynaud, será acrescentado um novo corpo, uma verdadeiramente nova moradia cujo programa residencial se desenvolve em vários pisos: ''[https://www.flickr.com/photos/bmfigueirodosvinhos/4754996278/in/photostream/ loja]'' na semi-cave, sala e cozinha no rés-do-chão, quartos e banho no primeiro andar, e alojamento para as empregadas nas águas-furtadas. É então que a pequena casa inicial é transformada no ''atelier'' de trabalho do Pintor, recebendo uma grande [https://www.flickr.com/photos/bmfigueirodosvinhos/3417933456/in/photolist-8fbAcw-8fbAb7-8f8iwF-8fbA73-8fbA4h-8fbA1G-8f8inR-8f8ikt-6JKDN6-6pPiu1-6kJAzW-6kJAzG-rNCuKZ-rNAJBb-rwg7pn-6yPLQH-9DVD7k-9DYvLb-9DYvJ3-9DVCXx-h7v137-9DVCTT-9DVCRv-9DYvx3-6yTMxx-6yPLQD-6yPLfX-6cYJrt-6gCaEH-6d2Nxb-68iZTi-686nYP-64TtsG-64TtsJ-64TtsA-64Ttsy-63C31o-63C31u-63C31q-6SDKTv-9c1apf-8DpCPM-8DpCde-686nYK-686nYX-686nYF-5Vubme-5Vyx1G-5VywJE-6kYuhJ clarabóia de ferro e vidro] sobre a cobertura. Tal clarabóia, que inundava de luz o espaço de trabalho e marcava fortemente a imagem da cobertura do ''atelier'', foi demolida após a venda do edifício a particulares (c.1937). Um pequeno torreão, que contém a escada de acesso ao sótão, articula visualmente os dois corpos do conjunto.
 
Os paramentos exteriores eram revestidos a massa de cal, cimento e areia, incorporando almagre como pigmento, exibindo estereotomia a imitar tijolo. Os cunhais, remates e molduras das janelas, também recortados em massa de cal e cimento mas sem pigmento, simulam cantaria. As vergas e as cornijas apresentam [https://www.flickr.com/photos/bmfigueirodosvinhos/4754996832/in/photostream/ frisos de azulejos] da fábrica caldense de [[Rafael Bordalo Pinheiro]].[[Ficheiro:ARJ1899FrisoCasulo.JPG|thumb|António Ramalho Jr. Um dos frisos do «Casulo», c.1900. ost.]]Neste ''chalet'' de características revivalistas, citando de quando em vez a arquitectura vernacular flamenga de XVII, destaca-se, no seu interior, a pequena sala de jantar aberta para a varanda alpendrada (hoje [https://www.flickr.com/photos/bmfigueirodosvinhos/4754994402/ em betão e parcialmente fechada], numa alteração possivelmente dos anos 40). As paredes da sala são revestidas por lambris e molduras de madeira escurecida, enquadrando painéis de pergamóide simulando couro lavrado. O tecto, em madeira, apresenta o vigamento aparente e assente sobre ''cachorros de'' madeira trabalhada. Duas sobre-portas exibem frisos floridos, ainda os originais em tela pintada a óleo do pintor [[Ramalho Júnior|António Ramalho]]. A mesa de jantar, mandada executar por Malhoa, e possivelmente o candeeiro da mesma sala, serão também [https://www.flickr.com/photos/bmfigueirodosvinhos/3362048803/in/photolist-8fbAcw-8fbAb7-8f8iwF-8fbA73-8fbA4h-8fbA1G-8f8inR-8f8ikt-6JKDN6-6pPiu1-6kJAzW-6kJAzG-rNCuKZ-rNAJBb-rwg7pn-6yPLQH-9DVD7k-9DYvLb-9DYvJ3-9DVCXx-h7v137-9DVCTT-9DVCRv-9DYvx3-6yTMxx-6yPLQD-6yPLfX-6cYJrt-6gCaEH-6d2Nxb-68iZTi-686nYP-64TtsG-64TtsJ-64TtsA-64Ttsy-63C31o-63C31u-63C31q-6SDKTv-9c1apf-8DpCPM-8DpCde-686nYK-686nYX-686nYF-5Vubme-5Vyx1G-5VywJE-6kYuhJ/ peças sobreviventes] do tempo do Pintor.
Entre os referidos ''cachorros'' do tecto, de um e outro lado, vinte [https://www.flickr.com/photos/bmfigueirodosvinhos/4754354287/in/photostream/ pequenos nichos] enquadravam originalmente, ao que consta, pequenas obras dos pintores amigos de Malhoa. Tais quadrinhos há muito levaram sumiço. Após uma primeira aquisição e consequente reabilitação do imóvel por parte do município figueiroense  (1985), os nichos então vazios foram preenchidos com [https://www.flickr.com/photos/bmfigueirodosvinhos/4754354981/in/photostream/ novas obras], produzidas propositadamente e oferecidas, em 1990, por professores e alunos das Escolas de Belas Artes de Lisboa e do Porto. Constituem hoje uma interessante colecção passível de ser ali apreciada.
 
No jardim existe ainda o antigo caramanchão e um [https://www.flickr.com/photos/bmfigueirodosvinhos/4754430735/ banco], ambos em ferro e contemporâneos do Pintor. E um lago ao gosto da época.