Teresa's Reviews > A Balada do Café Triste

Farks Falls, um lugar isolado do mundo, de invernos agrestes e verões escaldantes. Pouco mais tem além da fábrica de algodão; as humildes habitações; uma pequena igreja e a mercearia. Ao terminarem o turno da fábrica, os operários nada têm para fazer além de observar as vidas uns dos outros ou, quando muito, podem ir até à estrada ouvir as conversas, os cantares e o som das picaretas dos doze prisioneiros que ali trabalham.
Amélia Evans, uma mulher de forte compleição física, bem sucedida nos negócios, rude, avarenta, belicosa e solitária que, além de gerir a mercearia - mais tarde transformada em café - é a curandeira das mazelas físicas dos habitantes.
Lymon Willis, um anão corcunda, empreendedor e cativante que um dia chega à povoação - não se sabe vindo de onde - e se afirma primo de Miss Amélia. Ao contrário do esperado, Miss Amélia recebe-o em casa e, por amor ao anão, torna-se uma mulher diferente.
Marvin Macy, um homem bonito, conflituoso e sem escrúpulos que se transforma num homem bom ao apaixonar-se por Miss Amélia, com a qual está casado durante dez dias.

Pelos olhos da população, são-nos mostradas as metamorfoses no carácter das três personagens, envolvidas num triângulo de amor, em círculo, no qual ninguém é amado por quem ama.

É extraordinário como Carson McCullers consegue em tão poucas páginas, e de forma tão bela, dizer tanto:
Sobre o poder redentor, e também destruidor, do amor;
Sobre a irracionalidade do amor, que nos leva a amar até quem é improvável amarmos;
Sobre a importância para o ser humano de amar, sendo irrelevante se é amado ou não.